A surpresa negativa com os dados de inflação ao consumidor dos Estados Unidos na sexta-feira segue ecoando nos mercados globais e dispara um novo dia de aversão ao risco. Orientados pelas perspectivas de que o Federal Reserve (Fed) será obrigado a promover um aperto monetário mais duro e frear a atividade da maior economia do mundo, os investidores voltam a buscar refúgio no dólar, ao mesmo tempo em que vendem Treasuries e ativos ligados ao crescimento global.
Assim, os ativos brasileiros enfrentam uma nova rodada de deterioração. Perto das 11h35, o dólar comercial operava em alta de 2,67%, negociado aos R$ 5,1204, enquanto o dólar futuro para o mês de julho subia 2,64%, a R$ 5,1495.
No mesmo horário, o índice DXY tinha alta de 0,63%, aos 104,80 pontos. Ante divisas emergentes, o dólar avançava 1,28% ante o peso mexicano; 0,94% ante o rand sul-africano; 1,32% ante o peso chileno e 2,89% ante o peso colombiano; e 0,11% ante a lira turca.
Na renda variável, o Ibovespa recuava 3,50%, aos 101.793 pontos.
Já no mercado local de renda fixa, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 operava em alta, a 13,425%, de 13,375% do ajuste anterior; a do DI para janeiro de 2024 avançava a 13,105%, de 12,99%; a do DI para janeiro de 2025 subia a 12,63%, de 12,485%; e a do DI para janeiro de 2027 tinha alta a 12,595%, de 12,49% do ajuste de sexta-feira.
A alta dos juros futuros no Brasil está em linha com o observado nos mercados globais. No mesmo horário, o rendimento da T-note de 10 anos nos EUA subia a 3,260%, de 3,163% do ajuste anterior, enquanto o juro da T-note de 2 anos marcava alta a 3,162%, de 3,069% do encerramento de sexta-feira.
Vale mencionar a recente diminuição do spread entre os bônus dos títulos. A inversão da curva de juros, fenômeno que ocorre quando os juros dos títulos de curto prazo superam os de longo prazo, é comumente associada à proximidade de recessões na economia dos Estados Unidos.
"As preocupações com a inflação derrubaram os preços dos ativos de risco e enfraqueceram a orientação futura cuidadosamente alimentada pelos membros do Fed. A parte de 5 a 30 anos da curva dos Treasuries está invertida novamente e uma ampla desaceleração das hipotecas para a habitação está sendo testemunhada", afirma a equipe de estrategista global de ações da instituição, liderada por Sean Darby.
Segundo a Jefferies, o derretimento nos preços dos Treasuries de dois anos após a leitura do CPI de maio e a subsequente inversão da curva de juros sugerem que o mercado está começando a descontar uma prolongada batalha contra a inflação.
Para além dos desafios globais, os investidores do mercado local vêm se deparando com o crescimento dos riscos fiscais nos últimos dias. Segundo o Santander, em um cenário de menor probabilidade, em que todas as medidas legislativas visando conter a inflação por meio de desonerações tributárias são aprovadas sem mudanças no Congresso, e com repasse total das desonerações ao consumidor, a inflação anual do IPCA poderia ser reduzida em ~3,1 p.p. em 2022.
Fonte - Valor
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