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Foto do escritorEdmar Soares

Lira tenta acordo para manter sob controle disputa por vaga no TCU


O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tenta um acordo entre seus aliados para a disputa para ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), mas, até o momento, as tratativas foram infrutíferas. O cargo ficará vago em julho, com a aposentadoria da ministra Ana Arraes, e a data da eleição para ocupá-lo continua indefinida.


Três aliados do presidente da Câmara são candidatos ao TCU: Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), apontado como seu favorito, Hugo Leal (PSD-RJ) e Soraya Santos (PL-RJ). Além deles, Fábio Ramalho (MDB-MG), conhecido pelos banquetes em sua casa e pela farta distribuição de comida na Câmara, corre por fora como mais independente.


Lira já pediu que Ramalho desistisse e, diante das negativas, criticou indiretamente a candidatura dele em entrevista ao Valor em fevereiro.


Desde então, o presidente da Câmara vem tentando um acordo com seus aliados por um nome único, capaz de garantir a vitória para seu grupo. Segundo relatos, ele argumenta que a divisão pode atrapalhar os planos de colocar no TCU alguém alinhado ao “centro”, deixando alguém mais suscetível à pressão dos técnicos do tribunal, e defende um modelo “estilo Bruno Dantas” - ministro conhecido pela proximidade com os políticos.


Lira já pediu, segundo apurou o Valor, que os presidentes do PSD, Gilberto Kassab, e do PL, Valdemar Costa Neto, retirassem as candidaturas de Leal e de Soraya, mas ouviu deles que isso não ocorrerá. Também já falou com os próprios candidatos, que disseram que a candidatura se tornou um pleito partidário. Ele segue tentando um acordo, mas avisou que, se não ocorrer, a eleição ficará para depois de outubro. As cabines de votação colocadas no plenário por causa da eleição para a Mesa Diretora da Câmara há três semanas, contudo, seguem instaladas.


Os quatro candidatos em campanha hoje influenciarão o tribunal por pelo menos três governos até se aposentarem aos 75 anos: Leal tem 59 anos, Soraya, 63, e Ramalho, 60. Jhonatan, o mais novo e apontado como favorito do presidente da Câmara, tem apenas 38 e pode ver até dez presidentes diferentes passarem pelo Palácio do Planalto antes de ser obrigado a pendurar a toga.


Lira chegou a avisar a seus aliados que faria a votação em fevereiro ou março, para permitir que os perdedores tivessem tempo de organizar suas campanhas à reeleição para a Câmara, mas depois desistiu. Agora, segue sem estabelecer uma data precisa. Para alguns falou em realizar a eleição em julho, antes do recesso, e para outros comentou que o melhor seria fazer o sufrágio apenas depois de outubro.


Antecipar a disputa para julho atenderia ao pedido de seus aliados, que tentam evitar que a disputa pelo TCU contamine as chances de se reelegerem. Um dos candidatos contou ao Valor que passou a negar aos seus eleitores que ainda pretenda disputar a vaga porque começou a ser criticado por pedir votos para a reeleição, mas talvez nem assuma o novo mandato se eleito. Seria também uma forma de blindar a votação na Câmara da influência do presidente que sair vitorioso das urnas em outubro.


Para alguns dos candidatos, Lira afirmou que ainda não decidiu a data e que pode deixar para depois da eleição em outubro porque o processo está “desorganizado”. Isso, no entendimento deles, deve-se a dificuldade que o presidente da Câmara vem encontrando para controlar o processo num voto que é secreto. Nesse cenário, poderia ser eleito alguém menos próximo dele.

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